O ESPAÇO DA SALA DE AULA

O ESPAÇO DA SALA DE AULA

Em um país de contrastes econômicos como o Brasil não é difícil encontrar espaços arquitetônicos que refletem essa situação. No que se refere aos espaços escolares isso também é fácil de notar.  Assim sendo, o espaço da sala de aula tem características bastante diversificadas seja no ambiente urbano das grandes cidades ou no ambiente rural de áreas isoladas.

Enquanto instituições de ensino privado investem em novas instalações apostando numa arquitetura despojada, seguindo as tendências dos espaços colaborativos tecnológicos empresariais, as unidades de ensino públicas ajeitam-se como podem nas antigas instalações escolares onde não há verbas para manutenções frequentes muito menos para adequações.

Qual o espaço arquitetônico ideal para as escolas? Essa pergunta se refere ao espaço físico já que, para muitos, a educação em ambientes virtuais já é uma realidade solidificada.Por uns dois séculos, XIX e XX, as salas de aula formais das escolas de Ensino Fundamental e Médio, no Brasil,  utilizavam o modelo espacial retangular (famoso 8 x 5m), seguindo os modelos europeus de referência. As famosas “carteiras” fixas de madeira ainda existem em algumas escolas do país. A lousa domina o espaço na formatação que valoriza a aula expositiva em ambiente austero, com predomínio da madeira. Poucas universidades e escolas particulares possuíam salas em formato de anfiteatro.

No final do século XX as salas de aula ficaram mais livres no que se refere ao mobiliário com uso de cadeiras plásticas soltas das mesas em fórmica, mas o espaço retangular ainda se manteve. A mudança na dinâmica das aulas foi pequena mas a cor ganhou mais espaço, embora o resultado estético nem sempre tenha sido interessante.

Se no passado a escola refletia a ideia de “ordem” nas ideias, hoje tudo está muito mudado. A escola não é um ambiente de curta permanência. Cada vez mais se aposta no período integral na escolarização regular e alguns educadores defendem a ideia de que a sala de aula e escola devem ser uma extensão da casa do aluno, com aspecto menos formal e mais casual, podendo ser mais dinâmico e menos rígido.

No Brasil, escolas de ponta investiram nos últimos anos em uma arquitetura fluída, com salas de formatos diferentes, muitos espaços para aulas em grupo, ao ar livre, salas de aula temáticas e rotinas de circulação dos alunos pelos espaços. O mobiliário tem seguido o padrão empresarial dos escritórios com cadeiras, poltronas, sofás e pufes confortáveis e distribuídos sem formalidades.

O apoio tecnológico vem em lousas digitalizadas, telões de projeções, notebooks, laboratórios de robótica e outros modismos. As bibliotecas congregam salas de reunião e de trabalho.

Mas é isso que faz a diferença? A arquitetura é tão fundamental para ditar uma nova metodologia educacional ou se trata de puro Marketing?

Existem segmentos da arquitetura que seguem essas mesmas tendências, incluindo-se aí a arquitetura hospitalar, a educacional e a hoteleira. Curiosamente é possível ver elementos da dita “nova arquitetura” nesses três espaços, sem distinção.

Infelizmente nem sempre a contemporização dos espaços escolares resulta em ambientes agradáveis para uma aula, para um trabalho coletivo de descoberta ou construção do saber. O excesso de elementos e a informalidade podem por tudo a perder. Alguns professores preferem salas de aula mais formais pois alguns estudantes interpretam a tal “arquitetura fluída” como desculpa para um comportamento sem comprometimento.

Fato é que a sala de aula se constrói numa dinâmica interdisciplinar que deveria ter na arquitetura um suporte e não um ditame.